quinta-feira, 12 de julho de 2018

Kardec e o C.U.E.E.


Kardec era um homem de ciência , portanto não se deixava levar por modismos. Sabendo que a morte do corpo não era suficiente para que os Espíritos ignorantes, pseudo-sábios ou mesmo mistificadores se depurassem, ou seja, continuariam na erraticidade da mesma maneira que encarnados, o professor criou então um método simples e eficaz para que a Doutrina Espírita não sofresse com falsas revelações.
A esse método chamou de C.U.E.E. – Controle Universal dos Ensinos dos Espíritos –  que consiste basicamente em garantir que a mensagem recebida fosse mesmo verdade. Dessa forma diz Kardec: “ A melhor garantia de que um principio é a expressão da verdade se encontra em ser ensinado e revelado por diferentes Espíritos com o concurso de médiuns diversos, desconhecidos uns dos outros e em lugares vários, e em ser, ao demais confirmado pela razão e sancionado pela adesão do maior número”.(LM Cap XXXXI – XXVIII)    e no ESSE item II Introdução, prossegue o Codificador: “ Uma só garantia séria existe para o ensino dos Espíritos: a concordância que haja entre revelações que eles façam espontaneamente, servindo-se de grande número de médiuns estranhos uns aos outros”.
Este método tão caro à Kardec possibilitou ao professor neutralizar as tentativas de Espíritos zombeteiros de incutir na D.E. coisas falaciosas que poderiam por todo o trabalho a perder.
Infelizmente o tempo passou e os continuadores da Obra Espírita parecem ter se esquecido deste principio basilar.
Hoje que ser Espírita está na moda, vemos centenas de livros tratando de diversos temas, de Ufologia ao poder dos minerais, de crianças com auras de diversos matizes á reencarnação no “plano espiritual”, de ritos e dogmas à dragões. Uma panaceia de assuntos que levam a chancela de PSICOGRAFIA e não passaram pelo método Kardequiano.
Com isso, muitos neófitos da Doutrina estão cada vez menos familiarizados com as Obras Básicas e consomem todo esse material que NADA TEM A VER COM ESPIRITISMO, como se fosse a própria obra de Kardec.
Precisamos urgentemente resgatar as origens ditadas pelo Espirito da Verdade. Como espíritas que somos essa é a maior caridade que podemos fazer. Divulgar a D.E. sem invencionices.
Caso contrário em pouco tempo, quando reencarnarmos novamente na Terra, nos depararemos com um arremedo religioso que não conseguiremos reconhecer as verdades reveladas em Paris no século XIX. E todo o trabalho de Kardec e dos pioneiros da Doutrina dos Espíritos terá sido em vão.
E a responsabilidade será toda nossa.

Alex Honse

https://www.clubedeautores.com.br/book/257178--Mariana?topic=musica#.W0dnljozqUl



quarta-feira, 11 de julho de 2018

Idolatria no movimento espírita



Desde tempos imemorais o Espírito ao se deparar com algo passa por cinco fases ante o objeto que não compreende: refutação, encantamento, admiração idolatria e racionalismo, sendo que as duas últimas depende do grau de evolução do mesmo.
Para ilustrar nossa reflexão, tomemos como exemplo o próprio Codifificador da D.E., ao se deparar com as mesas girantes. É público o primeiro contato de Kardec com as mesas, convidado por seu amigo Fortier (Obras Póstumas, FEB/1964 – págima 237) e a postura de refutação que o mesmo tem sobre o fenômeno atribuindo-o ao magnetismo pura e simplemente. Tempos depois Kardec vê o fenômeno e passa da refutação para o encantamento quando percebe que havia ali, mais que as danãs das mesas e sim respostas à perguntas objetivas.
Do encantamento à admiração ao fenômeno foi um passo e Kardec, acadêmico, homem de ciências e do pensar, decidiu investigar o que havia ali.
Essa é a grande encruzilhada que todo Espírito em algum momento da existência precisa escolher. Qual caminho seguir?  Como existência, aqui entendemos a trajetória do Espírito desde que foi criado simples e ignorante até tornar-se Espírito puro (Escala espírita LE questão 100).
Felizmente Kardec optou pelo racionalismo, o que possibilitou não atrelar a Doutrina Espirita nascente à dogmas, ritos e as vontades de gurus e salvadores de plantão.
A maioria dos Espíritos no entanto optam pelo caminho da idolatria. E neste caso começam os problemas. Não conseguem separar a admiração que sentem por determinado médium, orador, expositor, professor ou fenômeno em si da idolatria.
Caminho perigoso que já fez submergir dezenas de sistemas fiolosoficos e religiosos. A preguiça mental que impede esses Espíritos de pensar racionalmente, produz pessoas pasasivas, que não refutando, não questionando ideias e afirmações (por vezes teratológicas e anti doutrinárias) aceitam tudo como se fosse fato incontestável, enterrando um dos princípios basilares que Kardec nos legou: Mais vale rejeitar dez verdades do que admitir uma única mentira, uma única teoria falsa – ERASTO. O Livro dos Médiuns, item 230- infelizmente o movimento espírita em sua maioria enveredou pelo caminho da idolatria e abstém-se (por preguiça, má fé, ignorância ou comodismo) de buscar a verdade das coisas.
Obras literárias são escritas em profusão, levantando teorias das mais absurdas e são aceitas como verdades, só porque o médium é famoso ou o espírito comunicante tem alguma respeitabilidade.
Um claro exemplo disso pode ser visto na obra Infinitas Moradas – Bacelli, 2003 “ O corpo humano não está apto a receber entidades primárias, sem que o seu organismo perispiritual tenha, antes, humanizado a forma. Os primeiros nascimentos acontecem aqui!...
Ora, como aceitar tal afirmação se o próprio Kardec nos diz “Os sexos não existem senão no organismo; são necessários à reprodução dos seres materiais; mas os Espíritos, sendo a criação de Deus, não se reproduzem uns pelos outros, é por isto que os sexos seriam inúteis no mundo espiritual. (KARDEC, RE 1866, p. 3

Cabe a nós espiritas acalisar tudo e retermos o que é bom para a D.E. bem como para a propagação da verdade. Refutar o que parece estranho, nos  encantar  com o que parece sublime e verdadeiro, nos admirar do que de fato é elevado e optar pelo caminho da razão para que possamos conhecer a verdade que liberta.
Somente assim, seremos capazes de salvar a Doutrina Espírita dos misticimos, dogmas e exageros a que ela está mergulhada.
E salvá-la também de nós mesmos.

Alek Honse – é jornalista, filosofo, autor de Mariana – Um Mosaico de Canções e Lembranças ( clube de autores - https://www.clubedeautores.com.br/book/257178--Mariana?topic=musica#.W0TbXjozqUk ). Expositor Espírita.


A Doutrina Espírita não tem Rituais

“Espíritas!, amai-vos, eis o primeiro ensinamento. Instruí-vos, eis o segundo.– (Espírito de Verdade. Paris, 1860.)
Allan Kardec – O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VI, item 5.


O Espiritismo é uma doutrina acessível a todos. Tem como base a certeza ( e não crença) da imortalidade da alma, na comunicabilidade dos espíritos, na reencarnação e na evolução progressiva do SER.

É uma doutrina que não tem rituais, nem sacerdotes, nem roupas especiais. É eminentemente cristã, pois um de seus livros básicos, O Evangelho Segundo o Espiritismo, tem como escopo levar aos homens a lição de Jesus em sua primitiva simplicidade.
Infelizmente, muitos espíritas, oriundos de outras correntes religiosas, estão infestando a D.E. com ritos.
Não é incomum ver nas casas espiritas práticas ritualísticas de outras religiões. Aqui  são pedras colocadas estrategicamente para energizar o ambiente. Ali, luzes de várias cores que servem para curar enfermidades, azul para isso, amarelo para aquilo, lilás para aquilo outro. Acolá, centros obrigam os trabalhadores a utilizarem a cor branca para melhor fruição dos trabalhos.
Há ainda os ritos de entrada, não se pode entrar e sair pela mesma porta.  O trabalho só pode acontecer se as portas estiverem fechadas para que espíritos inferiores não adentrem a sessão... há ainda cromoterapia, litografia, projeciologia, ufologia e tantos outros casos que foram com o tempo adquirindo status de verdade que já se confundem com a própria Doutrina.
Basta um médium famoso, um orador respeitado ou um periódico lançar a moda que pega.
Tudo isso nos afasta da simplicidade objetiva da D.E.
Livros são publicados aos borbotões e são consumidos com avidez pelos espiritas.
A Codificação elaborada com esforço hercúleo por Kardec vai saindo de cena.
Lê-se somente o Evangelho Segundo o Espiritismo e quiçá, alguma passagem do Livro dos Espíritos.
Mas ler não é estudar.
Estudar implica em decodificar o que está escrito, passar pelo crivo da razão, refutar, debater e só então aceitar o que a racionalidade nos permite.
Somente com esforço e estudo constante conseguiremos salvar a Doutrina Espírita do seu desvirtuamento.
Cabe a nós lembrarmos que todas as revelações em sua origem foram positivas. O decálogo mosaico foi (e continua sendo) essencial para nortear nossa conduta e nossa moral. Os prefeitos de Jesus são incontestáveis. A Doutrina espírita em sua origem, com o Pentateuco elaborado pelo codificador também o era.
Um caminho simples, direto e objetivo.
Infelizmente, assim como no passado deturpamos e ritualizamos a Lei Mosaica e os ensinamentos de Jesus, estamos fazendo o mesmo com a Obra do espirito da Verdade.
Ainda há tempo.
Estudar a Codificação como um todo, debater, buscar esclarecimentos e não dar margem a obras a alhures à D.E. é nosso papel enquanto portadores das verdades reveladas.
É preciso agir agora, combater os ritos para que possamos salvar a D.E. não dos detratores, mas sim de nós mesmos. Alex Honse. é expositor da Feesp, jornalista, filosofo e escritor. Autor de Mariana - Um Mosaico de canções e Lembranças (clube de autores, 456 páginas)